Desde março de 2018, o Padre Julio Lancelotti, responsável pela Pastoral do Povo de Rua, vem recebendo ameaças de morte. A CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos), braço da OEA (Organização dos Estados Americanos), cobrou o estado brasileiro pela garantia da proteção do sacerdote, que há poucos dias fez mais um boletim de ocorrência por ameaça de morte.
Lancelotti recebeu difamações e ataques de pessoas públicas, como Arthur do Val (MPL), deputado estadual e pré-candidato à prefeitura de São Paulo, o qual critica o trabalho do padre de “cafetão da miséria” e defende uma política de cunho higienista para São Paulo, além de xingamentos e ameaças de pessoas que o encontram pelas ruas da cidade.
Não é de hoje que ativistas de direitos humanos, militantes e ambientalistas são ameaçados no Brasil, um dos países que lidera mundialmente o número de perseguições e assassinatos, tendo Marielle Franco, Chico Mendes entre muitos outros como exemplos de uma lista que aumenta a cada dia. Os discursos de ódio e de incitação à violência propagados por pessoas públicas, inclusive fortemente pelo presidente da república, somados ao aparente “escudo” que a internet e as redes sociais fornecem, agravam essa realidade.
O SinTUFABC manifesta solidariedade ao padre Lancelotti neste difícil momento de ataques e valoriza sua atuação incansável junto à população em situação de rua e aos mais socialmente vulneráveis.
É necessário solidariedade entre os que se colocam movimento em direção de uma sociedade mais justa, para que façamos frente às intimidações e aos ataques da direita fascista.
“Talvez a gente precise pedir para o presidente um glossário. Quando ele fala conservador, o que ele quer dizer? Quando ele fala país cristão, o que isso significa? Porque, nos meus conceitos, é difícil chamar o Brasil de um país cristão com tanta favela, com tanta miséria, chamar de conservador com tanta depredação”. Padre Julio Lancelotti, após o discurso de Bolsonaro na ONU, em 22 de setembro.
