O assédio moral, segundo Hirigoyen (2006), pode se manifestar sob diversas formas, como as apresentadas a seguir em quatro tipos que representam as situações que ocorrem com maior frequência:
DEGRADAÇÃO PROPOSITAL DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO
- Retirar da vítima a sua autonomia;
- Não transmitir informações úteis para a realização de tarefas;
- Contestar sistematicamente as decisões da vítima;
- Criticar seu trabalho de forma injusta ou demasiada;
- Privar a vítima de acessar seus instrumentos de trabalho: telefone, fax, computador etc.;
- Retirar o trabalho que normalmente lhe compete e dar permanentemente novas tarefas;
- Atribuir proposital e sistematicamente tarefas inferiores ou superiores às suas competências;
- Pressionar a vítima para que esta não exija seus direitos;
- Agir de modo a impedir ou dificultar que a vítima obtenha promoção;
- Causar danos em seu local de trabalho;
- Desconsiderar recomendações médicas;
- Induzir a vítima ao erro.
ISOLAMENTO E RECUSA DE COMUNICAÇÃO
- Interromper a vítima com frequência;
- Não conversar com a vítima, tanto os superiores hierárquicos quanto os colegas;
- Comunicar-se unicamente por escrito;
- Recusar contato, inclusive visual;
- Isolar a vítima do restante do grupo;
- Ignorar sua presença, e dirigir-se apenas aos outros;
- Proibir que colegas falem com a vítima e vice-versa;
- Recusa da direção em falar sobre o que está ocorrendo.
ATENTADO CONTRA A DIGNIDADE
- Fazer insinuações desdenhosas;
- Fazer gestos de desprezo para a vítima (suspiros, olhares, levantar de ombros, risos, conversinhas etc.);
- Desacreditar a vítima diante dos colegas, superiores ou subordinados;
- Espalhar rumores a respeito da honra e da boa fama da vítima;
- Atribuir problemas de ordem psicológica;
- Criticar ou brincar sobre deficiências físicas ou de seu aspecto físico;
- Criticar acerca de sua vida particular;
- Zombar de suas origens, nacionalidade, crenças religiosas ou convicções políticas;
- Atribuir tarefas humilhantes.
VIOLÊNCIA VERBAL, FÍSICA OU SEXUAL
- Ameaçar a vítima de violência física;
- Agredir fisicamente;
- Comunicar aos gritos;
- Invadir sua intimidade, por meio da escuta de ligações telefônicas, leitura de correspondências, e-mails, comunicações internas etc.;
- Seguir e espionar a vítima;
- Danificar o automóvel da vítima;
- Assediar ou agredir sexualmente a vítima por meio de gestos ou propostas;
- Desconsiderar os problemas de saúde da vítima.
EXEMPLOS DE FRASES
Muitas vezes o assédio moral se manifesta por meio de frases discriminatórias.
A seguir listamos alguns exemplos para identificar essa prática, retirados de www.assediomoral.org.br:
“Você é mesmo difícil… Não consegue aprender as coisas mais simples! Até uma criança faz isso… Só você não consegue!” |
“É melhor você desistir! É muito difícil e isso é para quem tem garra! Não é para gente como você!” |
“Não quer trabalhar… fique em casa! Lugar de doente é em casa!” |
“A empresa não é lugar para doente. Aqui você só atrapalha!” |
“Seu filho vai colocar comida em sua casaNão pode sair! Escolha: ou trabalha ou toma conta do filho!” |
“Você é mole… frouxo… Se você não tem capacidade para trabalhar… Então porque não fica em casaVá para casa lavar roupa!” |
“Não posso ficar com você! A empresa precisa de quem dá produção, e você só atrapalha!” |
“É melhor você pedir demissão… Você está doente… Está indo muito ao médico!” |
“Para que você foi ao médicoQue frescura é essaSe quiser ir para casa de dia… tem de trabalhar à noite!” |
“Ah… essa doença está muito boa para você! Trabalhar até às duas e ir para casa. Eu também quero essa doença!” |
“Não existe lugar aqui para quem não quer trabalhar!” |
“Se você ficar pedindo saída eu vou ter de transferir você de empresa/de posto de trabalho/de horário…” |
“Como você pode ter um currículo tão extenso e não conseguir fazer essa coisa tão simples?” |
“Você me enganou com seu currículo… Não sabe fazer metade do que colocou no papel.” |
“Vou ter de arranjar alguém que tenha uma memória boa para trabalhar comigo, porque você… esquece tudo!” |
“A empresa não precisa de incompetentes iguais a você!” |
“Ela faz confusão com tudo… É muito encrenqueira! É histérica! É mal casada!”. |
Referência Bibliográfica:
HIRIGOYEN, Marie-France. Mal-estar no trabalho: redefinindo o assédio moral. 3ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.
Fonte: Cartilha “Assédio Moral no Trabalho: uma violência a ser enfrentada“, concebida pelo Núcleo de Estudos do Trabalho e Constituição do Sujeito (Universidade Federal de Santa Catarina), disponível em http://neppot.ufsc.br/?page_id=78, acesso em 24 jul. 2017.